COPA DO MUNDO 2010 ► Arbitragem erra e Chile fura ferrolho da Suíça

No primeiro minuto de jogo, o péssimo árbitro saudita Khalil Al Ghamdi amarelou Suazo após uma dividida dura com o adversário, mas sem sequer acertá-lo, um lance que passaria batido pela grande maioria dos árbitros trabalhando na África do Sul. Sinal de que ele estava em grande forma para estragar mais um jogo, como já o fizera na vitória do México contra a França.

No Chile, Suazo voltava de contusão, com Valdívia sendo sacado. Com Beausejour aberto na esquerda e Sanchez na direita, o time tentaria furar um previsível ferrolho suíço que tentaria quebrar o recorde de partidas sem sofrer gols em Copas do Mundo. E o tom do jogo era esse: Chile atacando, Suíça defendendo. Quer dizer, o tom seria esse se o jogo pudesse ser jogado, porque Khalil Al Ghamdi truncava muito a partida, muitas faltinhas brasileiras, cartões exagerados, critérios diferenciados… Tudo coisa de juiz que não tem pulso e que não sabe se impor, além de ser ruim tecnicamente.

Quando os jogadores podiam jogar… Aos 10, Vidal bateu forte da meia-esquerda e Benaglio espalmou para fora da área, de onde Carmona encheu o pé, para mais uma grande defesa do goleiro suíço. No minuto seguinte, Suazo, completamente sem ritmo de jogo, furou dentro da área após bom passe de Sanchez.

Entre um pontapé aqui, uma falta inventada ali, o bandeira que acompanhava o ataque chileno perpetrou a façanha de assinalar impedimento de Suazo em uma bola recuada por um jogador suíço. Enfim, sigamos…

Só aos 27′ a Suíça chegou com perigo e graças a uma bola mal atrasada que fez o goleiro Bravo sair aos pés de Nkufo. Aos 27′, atabalhoadamente o meia Behrami protegeu-se numa jogada na lateral, primeiro com a mão esquerda no rosto de Beausejour, depois na cara de Vidal, que fez aquele teatro básico e conseguiu o que queria: a expulsão do adversário.

Com um a mais, o Chile partiu para o abafa, mas sem conseguir chegar em boas condições de marcar. As melhores jogadas saíam dos pés de Beausejour pela esquerda, que chegava ao fundo e centrava perigosamente, como aos 38′, quando Suazo cabeceou por cima, aos 39′, com Sanchez matando no peito e chutando para a defesa de Benaglio, e aos 45′, com Suazo batendo fraco na direita da área.

No segundo tempo, o Chile voltou com Valdívia no lugar de Suazo e Mark Gonzalez no de Vidal. As alterações deram maior movimentação ao ataque, mas as chances de gol rareavam. Valdívia corria e driblava (caía também, como sempre), mas sem objetividade e o time ressentia-se da má atuação do lateral Islas, que fora muito bem contra Honduras. Como a Suíça deu uma fechada nos caminhos de Beausejour, o recurso passou a ser jogar bola alta na área, o que tornava mais fácil o trabalho da defesa adversária.

Aos 22′, a Suíça quebrou oficialmente o recorde de tempo sem sofrer gol em jogos de Copa do Mundo, chegando a 551 minutos (os quatro últimos minutos de 1994, todos os quatro jogos da Copa de 2006 e o restante desta Copa), superando os 550 minutos alcançados pela Itália entre 1986 e 1990.

O Chile seguia dominando o jogo, mas era um domínio absolutamente estéril, tanto que Benaglio praticamente não trabalhava. Isso seguiu até os 30′, quando Valdívia fez bom lançamento na diagonal para o canhoto Paredes, que entrou rasgando para direita, driblou o goleiro e da linha de fundo, sem ângulo para chutar, colocou na cabeça de Gonzalez, que fechava pelo lado esquerdo da área. Gonzalez cabeceou para o chão e venceu o zagueiro Lichtsteiner, que cobria a ausência do goleiro. Só que Paredes estava adiantado no momento do passe de Valdívia e esse erro da arbitragem acabou decidindo o jogo. Não era um lance difícil para o bandeira.

Com a Suíça partindo em busca do empate, o Chile teve algumas ótimas chances de melhorar seu saldo de gols, critério que pode decidir a classificação do grupo. Aos 38′, Gonzalez deixou Paredes sozinho com o goleiro, mas ele chutou por cima. Aos 44′, Paredes tornou a desperdiçar grande oportunidade, ao invadir pela direita, driblar para dentro e bater forte para fora.

Como quem não faz, leva e não está morto quem peleia, no último minuto a Suíça entrou tabelando na área chilena, Barnetta rolou meio de calcanhar meio de letra e Derdiyok, na altura da marca do pênalti, perdeu um gol daqueles chamados feitos, chutando rasteirinho, sem muita convicção, à direita de Bravo, que só fez o golpe de vista. Valdívia ainda arranjou tempo de receber aquele amarelo básico por simular um pênalti e mais não aconteceu.

O destaque no Chile, para mim, foi a estrela do treinador Marcelo Bielsa. Na jogada do gol, participaram Valdívia, Paredes e Gonzalez, os três jogadores que ele colocou em campo durante a partida. E eles foram bem além do lance do gol. Mas Valdívia continua caindo demais e Paredes perdeu ao menos dois gols fáceis. Beausejour foi muito bom na fase inicial e foi mais marcado no segundo tempo. Sanchez batalhou muito o jogo todo e merecia até ter marcado um gol – um gol legal, porque o que marcou foi corretamente anulado. Além de Islas, Fernandez também não repetiu a boa atuação da estreia.

Na Suíça, apesar de toda a pressão, o ótimo goleiro Benaglio pouco trabalhou, mas foi bem sempre que exigido. A defesa se destacou como um bloco quase intransponível, até o bandeira errar. O lateral da Lazio Lichtsteiner foi o melhor dos defensores. Não entendi a saída do 11 inicial de Barnetta, que só entrou quando o time ficou em desvantagem numérica. O meio-campista do Bayer Leverkusen é forte na marcação e consegue chegar na frente para reforçar o ataque, como no lance que quase deu o empate ao seu time no fim da partida.

Segue o link da página da Fifa sobre o jogo: Jogo 31: Chile 1 x 0 Suíça.

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