CARNAVAL ► Entrevista de Marcos Moran no OBatuque.com

Marcos Moran é uma das grandes vozes por trás dos desfiles de escolas de samba da história do nosso carnaval. No início do mês passado (agosto), o site OBatuque.com publicou uma entrevista bem bacana com o veterano intérprete e compositor. O link original é este aqui e a reprodução vai aí embaixo. Assino embaixo das aspas do título. E veja que a afirmação é de gente que sabe e que faz.

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Marcos Moran: ‘Os sambas atuais são muito ruins’

OBatuque.com | Carnavais,Carnaval 2012,Destaques,Entrevistas,Grupo Especial,Notícias | 2 de agosto de 2011 0:01

Por Wellington Lopes

Marcos Moran nasceu no Espírito Santo, em 1938, e logo após veio para o Rio de Janeiro, onde ficou famoso ao interpretar a marchinha “Até Quarta-Feira”, de Umberto Silva e Pedro Sette. Amigo de Wilson Simonal, Moran iniciou a carreira de puxador pela Portela, meio sem querer, como ele mesmo diz. Entretanto, foi na Vila Isabel que se notabilizou como um dos melhores puxadores das décadas de 70 e 80. Em 1979, subiu com a Vila, permanecendo até 1984, quando foi convidado a se retirar após ter mandado um dirigente “para aquele lugar”. Esta entrevista, realizada entre um copo e outro no Petisco da Vila, no bairro de Noel, poderia se transformar num livro. Para não perder a essência dessa conversa, procuramos manter, ao máximo, todos os trechos de uma história marcada por fatos hilários e recheada de muitos detalhes.

OBatuque.com – O que o Marcos Moran faz atualmente?
Marcos Moran – Estou fazendo um tributo a Wilson Simonal que era meu compadre. Sou padrinho do Simoninho. Quem casou Simonal fui eu. Eu o conheci por volta de 1955, por aí, antes de servirmos o Exército. Aí formamos um conjunto vocal chamado “The Dray Boys”, que era os garotos enxutos. Simonal foi simplesmente o melhor cantor de palco que este país já teve. Se não foi o melhor entre os melhores ele está. Nunca vi ninguém como ele. O grupo era composto por mim, Simonal e o saudoso irmão Zé Roberto, que tocava saxofone. Bom, o Edson Bastos, que está vivo, e o Ari que tocava um violão maravilhoso, éramos cinco, mas nós arrebentávamos de verdade, como conjunto de rock, e na época quem mandava era o rock. Wilson tocava um Elvis como ninguém. Se Elvis visse, iria babar. Então eu conheci um camarada chamado Isaac Adis, que trabalhava com Cesar de Alencar, quando a Rádio Nacional arrebentava; dava as ordens no Brasil. Naquela época, veio ao país um conjunto americano, bom à beça, chamado “Four Aces”. Nos colocaram em confronto, e o colocamos no bolso.  Como todo conjunto, brigávamos todos os dias. Quebrava violão toda hora. Aí terminamos. Eu e o Wilson Simonal seguimos para o quartel. A gente tinha mordomia; caímos nas graças dos oficiais. Depois eu dei baixa e quis tirar o Simona do quartel, pois precisávamos dele no conjunto. Cheguei lá e disse: capitão libera o cara porque temos show. O capitão liberou, mas disse que ele tinha que voltar naquele dia. Falei para o Wilson dar baixa, e ele me respondeu: “Como é que vou pagar meu aluguel em white sand. Ele era chamado de americano, porque tudo que ele falava em inglês. White sand quer dizer areia branca. Areia Branca é o bairro onde ele morava, que ficava entre São João Miriti e Vilar dos Teles. Aí eu o chamei para morar comigo na Sá Ferreira 228, em Copacabana. Antes disso, eu o apresentei à Terezinha, que deu nome a uma de suas primeiras músicas dele. Ela estava na fila da extinta TV Continental, na Rua das Laranjeiras. O Carlos Imperial falou: “Moran vá lá fora e pegue dez meninas bonitas para colocar na primeira fila”. Aí eu peguei a Terezinha e as duas irmãs. Cheguei para o Wilson e o apresentei: esta é a Terezinha. Depois de uns meses, Simonal comentou que a Terezinha estava grávida. Eu falei: que ótimo, vocês vão se casar. Foi uma das primeiras músicas dele. Era assim: “Terezinha, todo dia, dança o chá, chá, chá”. De 68 a 70, brigamos porque disse umas verdades para ele – ele para lá e eu para cá até quarta-feira (risos). Fizemos as pazes, e ele foi para a Copa Mundo de 70 fazer shows. Ele era muito querido no México. Na época, me pediu para tomar conta de sua família. Cara, quando saiu o quarto gol do Brasil contra a Itália, pulei com o Simoninha no meu colo por uma porta de vidro, que caiu inteirinha no chão. Não sofremos nenhum arranhão. Simonal tinha dois empresários safados: Rui Brizola e Rafael Riviena, que  era o contador da Simonal Produções. Eu os conhecia muito bem. Cheguei a comentar com o Wilson de que havia alguma coisa errada com esses caras, pois eles não olhavam no rosto de ninguém e por isso deveriam estar roubando o Simona. Foi questão de tempo. Wilson Simonal ganhava muito dinheiro e dava para os empresários. Comprava as coisas para ele. Comprou um triplex na Prudente de Moraes. Ficou dois anos trazendo azulejo italiano. Ele era muito metido a besta, excessivamente. Chegou ao ponto de ter oitos carros na garagem, entre eles duas mercedes. Esse foi um dos motivos porque nós brigamos. Perguntei: Simonal, para que oito carros? Ele me respondeu: “Eu sou o Simona”. Eu respondi: o filho da puta, quem te ensinou isso foi eu e o Carlos Imperial. Que você é o cara, nós sabemos, mas não para cima da gente. O tempo passou e aí apareceu uma meia dúzia de jornalistas safados que falaram que o Simona era dedo-duro, só porque havia um general do Exército, que tinha adoração por ele. Muito bem, um belo dia chegamos eu e o Simonal na produtora, por volta das oito e pouca da noite, e estavam a esposa Terezinha, os filhos Wilson Simoninha, Patrícia e Max de Castro – que é afilhado do saudoso Flávio Cavalcante -, todos sobre à mira de um revólver. Eles queriam dinheiro para ajudar a Revolução. Com arma na cabeça, quem que não colaboraria? Passaram a perseguir o Simoninha no trajeto da Prudente de Mores com a Visconde de Pirajá, onde eles moravam, não dava 1km. Simonal contou para o general o que estava acontecendo, e o militar providenciou uma viatura para dar segurança ao filho dele. Aí começaram a ligar uma coisa a outra, sem saber que Wilson estava coagido e que o general, como amigo, deu cobertura a ele e à sua família. Conseguiram destruir o maior cantor que o Brasil já teve, lamentavelmente. Simona morreu na depressão. “Não vem que não tem.”

OBatuque.com – O início do carnaval em sua vida foi tão conturbado assim?
Marcos Moran – Não. Comecei no samba, gravando uma grande marcha que foi “Até Quarta-feira”, depois gravei algumas coisinhas, porém essa foi imbatível. Logo depois entra Carlos Imperial na história. Noutro dia fui a um ensaio da Portela, em 1969 para 70, o enredo era “Lendas e Mistérios da Amazônia”, Carlos Imperial me ligou e falou: “Moran, você sabe o samba da Portela?” Claro que sei, respondi. “É porque o pessoal tem te visto aqui, e você gosta da Portela… Amanhã você vai puxar o samba.” Você enlouqueceu, lhe disse. Nunca fiz isso na minha vida. Nunca pensei em puxar samba de ninguém, minha voz não dá. Bom, achei que escaparia ao informar que não tinha roupa. Enganei-me. Dez minutos depois liga o Clóvis Bornai: “Moran, tudo bem? Tenho uma roupa aqui pra você”. Aí não teve jeito. Paulinho da Viola fazia um esquenta e logo depois comecei com “Nesta avenida colorida // A Portela vem mostrar…”. Deu tudo certo e a escola foi campeã. Comecei como puxador sem querer (risos). Lógico que o campeonato não teve nada a ver comigo. A estrutura da Portela era maravilhosa e Natal era terrível. Poucos anos mais tarde, estava aqui em Vila Isabel. Tinha um bloco chamado Cara de Boi, perto do Maracanã, à beira do rio. Também comecei a frequentar o Zebra de Madureira, no mesmo bairro. Eu, o Toninho Nascimento, Romildo, Vicente Matos e aquele pessoal íamos muito a Madureira. Em 75, meu amigo Vicente Matos me sugeriu várias vezes fazer um samba para o Império Serrano, cujo enredo era “Zaquia Jorge, Vedete do Subúrbio, Estrela de Madureira”. Na primeira hora me esquivei, porém, aceitei e fizemos o samba. Só que eu não podia assinar, pois não pertencia à Ala de Compositores da escola. Eu ainda era do quartel, e às 6h tem o toque da alvorada. Perguntei ao Vicente para que horas estava previsto o desfile do Império, e ele respondeu que era por volta desse horário, então comecei assim: “Império deu o Toque de Alvorada//Seu samba a estrela despertou.”. Aí pedi licença ao Paulinho da Viola e peguei um trechinho dele: “A cidade está toda enfeitada//Para ver a vedete que voltou. Com seu viver de alegria //Fez toda a gente sonhar”. Aí ficou:

“O Império deu o toque de alvorada
Seu samba a estrela despertou
A cidade está toda enfeitada
P’ra ver a vedete que voltou
Com seu viver de alegria
Fez tanta gente sonhar

Outra vez se abre o pano
P’ra todo o céu suburbano (bis)
Ver sua estrela brilhar

Viagem, revista, aquarela
O passado é presente
E neste teatro-passarela
Ela resplandece novamente

Baleiro-bala
Grita o menino assim (bis)
Da Central a Madureira
É pregão até o fim”

O samba que todos achavam e até hoje acham que deveria vencer não venceu porque é um plágio de um clássico desses famosos tocados na Rádio Tupi, no programa do Roberto Canásio, na época. “E um trem de luxo parte…”. Por isso caiu e muita gente não sabe.

OBatuque.com – E quando chegou à Vila?
Marcos Moran – A Vila foi outro acidente de percurso. Houve um dia que eu estava em casa e escutei pela rádio que a bateria arriou as peças porque não gostou do samba. Aí a escolha passou para a semana seguinte. Fui ver o que aconteceu; cheguei aqui em Vila Isabel; fui assistir à disputa; e elegeram o samba. Não sabia que o cara que estava ao meu lado, o Rodolfo, era um dos autores do samba campeão. Comentei com ele que o samba era muito bom. Ele me agradeceu e falou: “Poxa, Moran, você por aqui? Vem comigo gravar este samba, que é meu”. A Vila subiu com ele, que na minha opinião foi o melhor que cantei pela escola:

…“O Rio amanheceu cantando la la Ia
O Rio amanheceu cantando
Clarins em fá”…

Depois veio “Sonho de um sonho”, em 80:

“Sonhei
Que estava sonhando um sonho sonhado
O sonho de um sonho
Magnetizado
As mentes abertas
Sem bicos calados
Juventude alerta
Os seres alados

Sonho meu
Eu sonhava que sonhava (bis)

Sonhei
Que eu era um rei que reinava como um ser comum
Era um por milhares, milhares por um
Como livres raios riscando os espaços
Transando o universo
Limpando os mormaços

Ai de mim
Ai de mim que mal sonhava (bis)

Na limpidez do espelho só vi coisas limpas
Como uma Lua redonda brilhando nas grimpas
Um sorriso sem fúria, entre o réu e o juiz
A clemência, a ternura
Por amor da clausura
A prisão sem tortura
Inocência feliz
Ai meu Deus
Falso sonho que eu sonhava
Ai de mim
Eu sonhei que não sonhava

Mas sonhei…”

Depois veio outro que eu gostei muito, o imbatível “Pra tudo se acabar na quarta-feira”, do Martinho em 1984:

“A grande paixão
Que foi inspiração
De um poeta é o enredo
Que emociona a velha-guarda
Lá na comissão de frente
Como a diretoria

Glória a quem trabalha o ano inteiro
Em mutirão
São escultores, são pintores, bordadeiras
São carpinteiros, vidraceiros, costureiras
Figurinista, desenhista e artesão
Gente empenhada em construir a ilusão
E que tem sonhos
Como a velha baiana

Que foi passista
Brincou em ala (bis)
Dizem quem foi
Um grande amor de um mestre-sala

O sambista é um artista
E o nosso tom é o diretor de harmonia
Os foliões são embalados
Pelo pessoal da bateria
Sonhos de reis, de pirata e jardineira
Pra tudo se acabar na quarta-feira
Mas a quaresma lá no morro é colorida
Com fantasias já usadas na avenida
Que são cortinas
E são bandeiras
Razões pra vida
Tão real da quarta-feira
(É por isso que eu canto…)”

OBatuque.com – Por que você parou de puxar na avenida?
Marcos Moran – Houve um desentendimento quando cantei o “Pra tudo se acabar na quarta-feira”. Estava garoando, não sou chegado a pegar em ferro (risos), e todas as vezes em que eu pegava no ferro do caminhão para não cair – hoje é chamado carro de som – tomava um choque. Isso durante todo o desfile. Cantava um pouco… A grande paixão…, colocava a mão direita, levava um choque; cantava: o sambista é um artista…, colocava a mão esquerda, outro choque. Então, como eu nunca quis morrer na avenida (risos), ao invés de ficar em pé, preferi sentar. No momento em que estava sentado, apareceu uma pessoa, que eu não vou dizer o nome, e me disse: “Levanta para cantar o samba.”, aos berros. Já estava puto por ter levado uma porrada de choques, não pensei duas vezes, mandei-o para aquele lugar (risos). Bom, aí ele me pediu, “gentilmente”, para que passasse na casa dele na quinta-feira. Fui convidado a me ausentar, ou seja, me mandaram embora (risos). No entanto, já ia me aposentar mesmo. Fiquei de 79 a 84 na Vila, mas outras coisas me deixaram chateados na escola. Não gosto de perder para samba ruim e isso aconteceu em 1982, com “Noel Rosa e os poetas da Vila nas batalhas do Boulevard”, o vencedor foi Albertino. Nada contra o Albertino. Só que não gosto de perder para samba ruim. O samba dele era muito ruim. Aí fiquei injuriado com o presidente da época, que não está entre nós. No dia da disputa, Martinho, Luis Carlos da Vila e eu esperávamos que desse o meu samba. Pois bem, quando anunciou Albertino, a quadra inteira abaixou a cabeça e ficou vazia em dez minutos, sabe o que aconteceu? A Vila Isabel ficou em 12º lugar, quase caiu. Eu já estava cansado de puxar samba ruim. Aí vem a União da Ilha com o colori, o amanhã, e eu doido para pegar um samba bom, pois só pegava abacaxi.

OBatuque.com – E os sambas atuais?
Marcos Moran – Os sambas atuais são muito ruins. Tirando esse último da Beija-Flor, que foi merecido e muito justo, não que ele fosse muito bom, aliás, teve samba muito melhor, o da Ilha. Falaram tanto do da Grande Rio, porém quando eu escutei lá na escola não gostei. Não sei nem de quem é, mas achei muito ruim. Volta e meia, ganha cada samba que não pode. Se não fosse aquele plágio, na época do Império: E o trem de luxo parte… Pergunte-me se eu me senti bem quando ganhei naquele ano? Não. Só depois que fiquei sabendo que o samba era plágio. Nosso samba não era tão bom quanto o que perdeu, mas não vou discutir com o presidente e nem com a comissão de julgadores. Às vezes me perguntam sobre “Os Sertões” (Em cima da Hora 76). No meu modo de pensar, carnaval é alegria, festa… Os Sertões é um samba triste, que conta a verdade crucial do nordestino, mas não é o retrato do Brasil. O retrato do Brasil, em matéria de samba-enredo, é o da União da Ilha, o “É Hoje!”. Para mim o melhor samba de todos os tempos. Hoje em dia, se você tenta cantar um samba de dois anos atrás, ninguém sabe e não sabe mesmo.

OBatuque.com – Vai compor este ano?
Marcos Moran – Fizeram-me o convite e eu aceitei participar de uma parceria. Será na Renascer de Jacarepaguá, no qual o enredo é “O Artista da Alegria dá o Tom na Folia”, sobre Romero Britto. Fiquei meio ressabiado, porque não o conhecia, porém hoje existe uma ferramenta na mão que você digita e cai tudo no seu colo, o Google. Aí fui ver quem é Romero Britto. Meu Deus! Pablo Picasso é pinto perto dele. Estou falando sério, bate lá para ver quem é Romero, ele é maravilhoso. Estou tão empolgado. Tinha começado o samba, dei uma olhada na cabeça do enredo. Olha só como eu começo:

“Abre-se o cenário colossal//É luz, é cor, é dança…”.

A Renascer vai abrir o carnaval do Especial, mas se não fosse ela, de qualquer maneira, iria começar assim. Os mentores espirituais, quando eles querem, brincam com você. Eles falam à uma da manhã: “Pega o violão.” Eu pego e daqui a pouco as palavras surgem. São os mentores espirituais que botam as palavras. Não vi samba de ninguém ainda, no entanto, o meu samba não está pronto, porém, pelas palavras que já botei, coisas que eu estou encontrando e pela luz que estou recebendo, acho muito difícil alguém receber mais luz do que eu, em outras palavras: estou cotado a vencer o concurso (risos).

OBatuque.com – Como você vê a situação atual de alguns intérpretes que foram da sua época e qual é o seu favorito?
Marcos Moran – Olha, a vida tem esses caminhos. Um exemplo: o que acontece com o Sobrinho, pode acontecer, sendo ele intérprete ou não. Ele teve uma visibilidade na Mangueira, na Unidos da Tijuca, viajou para Manaus, até o encontrei por lá. Quem foi culpado pelo Aroldo Melodia ter ficado doente? A própria vida. Aroldo foi o melhor puxador na minha concepção. Atualmente, é o Neguinho da Beija-Flor, mas na época do Aroldo… Hoje, tem intérprete que nem sabe pegar no microfone. É caso do Nêgo, por exemplo. Ele é meu camarada, mas fiquei com raiva dele, e não sou de ficar com raiva de ninguém. Entretanto, naquele dia fiquei. Ele defendeu, recentemente, um dos sambas mais bonitos do Império Serrano, “A lenda das sereias – Rainha do mar”, e matou o samba. Sabe por quê? Porque fechou a raia de ação do microfone, e isso abafa o som. Quando eu o vi fazendo aquilo, fiquei muito chateado.

OBatuque.com – Quais eram os seus preparativos para entrar na avenida?
Marcos Moran – Eu tinha muita responsabilidade com a Vila Isabel. Levava três latinhas de cerveja, limão e sal para avenida, porque você precisa de alguma coisa para lubrificar. Aí um dia, o meu amigo Zé Carlos, que gostava de um “negocinho”, me deixou 10 min na avenida. Ele chegou sem voz e eu falei: tô fodido. O samba era: O Rio amanheceu cantando, la ia ia. No fim do desfile, um parceiro lá do Lins de Vasconcelos – não vou falar o nome dele – disse que eu havia atravessado o samba e que iria me dar uns tiros. Eu respondi: como assim rapaz? O samba estava bom. No carro, no fim do desfile, era eu, Beto Sem Braço, Martinho da Vila e esse parceiro que queria me dar uns tiros. Aí eu falei para ele: você não vai me dar tiro nenhum, porque está preso. Estou te segurando, agora, quem vai te dar uns tapas sou eu, caso não pare com essa presepada (risos). Depois veio a turma do deixa-disso, ficou tudo bem, beleza… Dias depois, ele me levou para a Cabuçu e ainda me apresentou da seguinte forma: “Olha, pessoal! Esse é meu amigo Moran”. Lógico, só me apresentou dessa forma porque a Vila foi campeã do segundo grupo naquele ano.

OBatuque.com – Moran, muito obrigado por esta conversa maravilhosa.
Marcos Moran – Eu é que agradeço. Muito obrigado pelo espaço e sucesso ao site.

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