CARNAVAL ► O que o Fábio Mello disse da comissão de frente da Unidos da Tijuca eu disse para meu pai

Abaixo, a reprodução de matéria postada no site do Dia Online no dia 24 de fevereiro. O link original é este aqui.

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FÁBIO MELLO DETONA COMISSÃO DA TIJUCA

 

Coreógrafo reclama do trabalho de Rodrigo Nery e Priscila Motta e diz que não respeita encenação da escola do Borel

POR RAPHAEL AZEVEDO

Rio –  Sucesso na Sapucaí e aprovada com quatro notas 10, a comissão de frente da Unidos da Tijuca parece não ter agradado a todos. Para Fábio de Mello, coreógrafo da Beija-Flor, a encenação que representou a alma do sanfoneiro não passa de “plágio”. O veterano também criticou o estilo adotado pela escola do Borel. Segundo ele, a “novidade” levada pela Tijuca para Sapucaí já era conhecida desde a década de 1980, quando foi usada num espetáculo do grupo suíço Mummenschanz.

“O que a Tijuca está fazendo é acabar com o quesito comissão de frente. Respeito a Tijuca, mas só da comissão para trás. Essa escola está fazendo o público de otário porque o Mummenschanz já usou essa sanfona há muito tempo. Chamar aquilo de criativo é um absurdo. Enganar o público brasileiro é covardia. Não tenho nada contra o Paulo (Barros) e nem contra o Rodrigo Nery e a Priscila Motta (coreógrafos), que são do Teatro Municipal, mas quem monta a comissão é o Paulo Barros. Pesquisar elementos no YouTube e jogar na frente de uma escola isso todo mundo pode fazer”, detonou Fábio.

O coreógrafo questionou também o tratamento dado à comissão da Tijuca pelos jurados. Para ele, a agremiação está “copiando trabalhos de espetáculos internacionais”. “É uma grande palhaçada. Fiz minha história sem copiar ninguém e criei tudo sem copiar nada de lugar nenhum. Mas os jurados parecem que só querem esse tipo de show estrangeiro. A Beija-Flor tem que pegar a Madonna e botar na comissão de frente para tentar conseguir a nota máxima. Vai ganhar o Carnaval. Comissão de frente virou show encomendado e comprado no primeiro mundo”, ironizou.

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Muito curiosa e coincidentemente, o coreógrafo Fábio Mello criticou a comissão de frente da Unidos da Tijuca praticamente com os mesmo argumentos que eu usara conversando com meu pai na Terça-Feira Gorda.

Explico. A TV Globo estava exibindo os melhores momentos dos desfiles (bem, melhor seria chamar de “alguns momentos”…) e meu pai comentou comigo sobre a criatividade de Paulo Barros ao ver na telinha a evolução da comissão de frente da escola tijucana.

“Esse moço é criativo mesmo, não é?”

“Pai”, respondi, “criativo e talentoso é, sim, mas essas comissões de frente que ele tem feito não têm nada de criativas, são todas tiradas do YouTube, números de shows de variedades daqueles cassinos de Vegas e de outros cantos do mundo.”

Claro que sou um chato e a minha resposta é de gente chata, mas é mais ou menos isso. Não sei se exatamente de Vegas, da Romênia, da Ásia ou do Canadá, mas essa comissão da Unidos da Tijuca deste ano nada teve de criativa. Pode ter sido original em termos de escola de samba, o que geraria outra discussão, porque em um desfile de escola de samba de verdade, da forma como ele (desfile) e ela (escola de samba) foram culturalmente concebidos, aquilo não é e jamais poderá ser entendido como uma comissão de frente.

Não foi a primeira vez e, a julgar pelos jurados da Liesa, não será a última que veremos isso na Sapucaí.

Agora, gostei de Fábio Mello ter se posicionado e dado sua opinião sobre isso. Sem agressão, com personalidade e sem receio de ferir suscetibilidades. Afinal, o artista está no palco para ser criticado, para receber aplausos ou tomates podres. Faz parte.

Principalmente se levarmos em conta que arte é expressão de subjetividade, tanto de quem faz como de quem aprecia. Uns gostam, outros não.

Isso que andam chamando de comissão de frente, num show de variedades eu gosto, acho engraçado, divertido.

Numa comissão de frente de escola de samba? Não.

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