NBA ► Temporada 2010/2011 da NBA começa ainda sob o impacto da chegada de LeBron James ao Miami Heat

A nova temporada da NBA começou ainda a sob o impacto da transferência de LeBron James do Cleveland Cavaliers para o Miami Heat. Com ele, chegou também, direto do Toronto Raptors, Chris Bosh. E todas as atenções voltaram-se para o trio reunido sob o comando de Pat Riley: LeBron, Bosh e Dwyane Wade.

Voltando lá ao início, acho que LeBron saiu de Cleveland da pior forma possível. Expôs a cidade e a franquia – a si próprio também – ao ridículo ao fazer aquele surreal programa de uma hora de extremo egocentrismo para anunciar que dava um pé na bunda deles e partiria para Miami, para jogar com Bosh e Wade.

A situação agravou-se com a especulação de que as transferências de Bosh e James haviam sido combinadas com Wade durante os Jogos Olímpicos de Pequim. E isso é algo que pega muito mal para dois jogadores acusados de não serem decisivos na hora H como não foram James e Bosh em Cleveland e Toronto.

Hoje, meses depois, o próprio LeBron James admite que, se pudesse, faria de forma diferente, o que é bem legal da parte dele. Mostra uma evolução como pessoa. Seguindo assim, talvez um dia deixe de ser a pessoa mais odiada de Cleveland e cidade e astro façam as pazes, ao menos para um relacionamento cordial.

Mas aquele programa na TV foi ridículo. Uma das coisas mais ególatras que já vi na telinha. E olhe que vejo de tudo com o controle remoto na mão. Aliás, em se tratando de esporte, foi a mais patética e desrespeitosa saída de uma antiga casa que se poderia imaginar. Daquelas coisas que servirão para esquetes em programas de humor durante anos.

Outro ponto negativo para o astro da camiseta 23 é que o suposto acerto da transferência dois anos antes serviu para levantar suspeitas sobre seu esforço em partidas decisivas. Torcedor quando perde adora alguém ou algo que sirva de bode expiatório e LeBron deu margem a isso. Não endosso em hipótese alguma essa ideia, até porque acho que, na verdade, ele ainda carece desse poder de decisão. Mas vá explicar isso aos torcedores em Cleveland…

E o pessoal de lá ainda diz que LBJ não se esforçou o suficiente nos playoffs passados porque se conquistasse um anel seria muito mais difícil deixar a cidade. E a maneira como agiu o fez jocosamente ser muito comparado a Mike Tyson – e não a Michael Jordan.

Mesmo Bosh foi acusado de não se empenhar o suficiente. Ele jura que não, mas em Toronto não há quem acredite nisso. No início do ano, comentei sobre Bosh com um amigo daquela cidade canadense. Ele mais ou menos deixou entender que o ótimo power forward era muito estrela para pouco resultado.

Um paralelo foi traçado de maneira particularmente negativa para Bosh e LeBron. Ambos alegaram contusões que desfalcaram seus times nos playoffs ou justificaram um slown down em seu ritmo. Mas os torcedores de Cleveland e Toronto lembraram que Kobe Bryant, a despeito de sérias e simultâneas lesões, não deixou a quadra a não ser nas últimas partidas da temporada regular, quando tudo estava encaminhado para o Los Angeles Lakers vencer o Oeste. De quebra, ainda levou a franquia a mais um título numa épica série final contra o Boston Celtics.

O argumento de que LeBron James apenas escolheu um melhor time é bom e convincente para um role player. Não para um superstar. Há quem diga “ah, mas Magic Johnson teve Kareem Abdul-Jabbar e James Worthy no Lakers, Jordan teve Scott Pippen no Bulls, Larry Bird tinha Kevin McHale e Robert Parrish no Celtics…”

Mas todos esses eram times de um dono só: era o Lakers de Magic, o Bulls de Jordan e o Celtics de Bird. Nunca houve qualquer dúvida a respeito disso. Os demais, inclusive os astros citados, giravam na órbita dessas estrelas maiores. Não se viu nem se imaginou nenhum time vitorioso montado em torno de Scott Pippen, McHale ou Worthy. Não é assim que a banda toca.

LeBron, assim como Bosh, foi jogar no time de Dwyane Wade.

Melhor seria ter saído discretamente de Cleveland e assumido que não tem tino para ser “o” cara, mas “um” cara a mais, excelente, mas mais um. Um cara de grupo, de jogo coletivo, de equipe etc.

Por enquanto, com uma semana de temporada regular, LeBron tem jogado assim, como facilitador, recuando mais para a armação e deixando a finalização das jogadas principalmente para Wade – afinal, o dono do Heat.

Enfim, vencer não é tudo na história da NBA. John Stockton e Karl Malone estão aí mesmo para provar, inclusive com aquela infrutífera e desesperada tentativa de Malone conseguir um anel juntando-se a um Lakers já destroçado internamente. Malone não precisava de um anel para deixar seu nome na história da NBA. Como não precisou. Assim como Charles Barkley, Patrick Ewing e tantos outros.

Para mim, a maneira como LeBron agiu o colocou no lado errado dessa história. Caberá a ele corrigir isso agindo com um pouco mais de humildade, jogando muito basquete e, de preferência, conquistando títulos – mas sempre, doravante, no time de Dwyane Wade.

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BASQUETE ► Meu ídolo Ubiratan no Hall da Fama do Basquete dos EUA

Quase deixei passar batido, mas ficou no quase. Semana passada, o eterno ídolo de nosso basquetebol Ubiratan Pereira Maciel (18 de janeiro de 1944 / 17 de julho de 2002) foi entronizado no seletíssimo Hall da Fama do Basquete em Springfield (Massachusetts/EUA). Dentre as 259 personalidades já eternizadas ali, apenas outro nome brasileiro se faz presente: a Rainha Hortência.

Ubiratan foi um dos meus ídolos do basquete. Pensando melhor, foi o meu ídolo no basquete brasileiro, especialmente devido ao grande desempenho do pivô no Campeonato Mundial das Filipinas, em 1978. Foi uma competição que acompanhei com o ouvido colado ao radinho de pilha (é, o basquete aqui já foi tão popular que as rádios transmitiam os principais jogos) e de olho nas raras partidas transmitidas pela TV.

Ubiratan foi um dos grandes destaques daquele Mundial, que marcou também a popularização da chamada “ponte aérea”, com Oscar jogando a bola por cima do aro para Marcel completar e vice-versa. Foi nesse campeonato uma das minhas maiores emoções no basquete, com a vitória do Brasil sobre a Itália na decisão do terceiro lugar. O Brasil perdia por um ponto de diferença a poucos segundos do fim, quando Marcel recebeu o fundo bola e arremessou do meio da quadra, com o cronômetro zerando, para conquistar a vitória e garantir nosso lugar no pódio. Foi também ali nas Filipinas que me tornei admirador de um dos jogadores mais talentosos que vi em quadra, o canhoto iugoslavo Mirza Delibasic.

Mas o lance aqui é lembrar o velho Bira, que foi um monstro na briga debaixo do garrafão contra os gigantes americanos na grande vitória por 92 x 90 contra os EUA. Nosso pivô, que sempre foi mais um facilitador ofensivo que um cestinha e possuía uma notável capacidade defensiva, teve uma grande atuação naquela partida que ouvi pelo radinho.

Naquele time que saiu com o bronze do Mundial, Marcel e Oscar começavam a despontar, mas havia, além do velho Bira, nomes como Carioquinha, Hélio Rubens, Adílson e Marquinhos, que tanto vi jogar aqui nas quadras cariocas, assim como seu irmão Paulão. Também fazia parte daquele grupo o hoje comentarista da ESPN Brasil Eduardo Agra.

Foram bons tempos para o basquete brasileiro, um tempo em que os jogadores jogavam com muito mais paixão. Não à toa, cansei de pegar o desgastante ônibus 634 para me despencar à noite da Ilha do Governador para as quadras do Maracanãzinho, Tijuca e América para acompanhar jogos do Fluminense pelo Campeonato Carioca. E um dos grandes símbolos daqueles tempos foi Ubiratan, agora eternizado na terra do basquetebol.

Nestas mal traçadas linhas, sem muita inspiração, apenas faço questão de deixar registrada minha admiração pelo nosso grande pivô, um dos meus ídolos no esporte nacional.

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NBA ► Momento Phil Jackson

Esta gracinha de post aqui deixei passar do ponto porque quando a NBA acabou a Copa do Mundo de futebol já rolava solta e eu estava bem sem tempo – como quase sempre. Mas resolvi registrar assim mesmo, uns dois meses depois, meio como que para tentar entender o jeito de pensar de um sujeito pra lá de vitorioso. Da série “bobagens pseudo-engraçadas que a gente pensa do nada num momento de tensão”…

Todos conhecemos o estilo zen do supercampeão treinador do Los Angeles Lakers, Phil Jackson. Mas houve um momento crucial no decisivo jogo 7 contra o Boston Celtics que mostra bem a frieza de Phil.

Com o jogo mais que equilibrado, enquanto Doc Rivers tentava colocar mais fogo nas ventas de seus jogadores, Phil era flagrado numa frieza “dalailamesca”. Em vez de bradar, incentivar, se exaltar, conversava ao pé do ouvido, falava discretamente e até apenas ficara sentado em um pedido de tempo obsevando Ron Artest (!) orientando os companheiros.

Jogo vai, jogo vem, corações infartando em Los Angeles, Boston e mundo afora, Rondo acaba de reduzir a diferença para dois pontos, tempo e posse de bola para o Lakers a 13 segundos do fim. Phil tira Artest e faz entrar em quadra Sasha Vujacic, que até o momento jogara 5 minutos e fizera… 0 pontos, errando os dois chutes que tentara.

Apesar da noite ruim, toda a atenção do Celtics priorizava Kobe, além de Fisher e ainda Gasol. Odom faz a reposição de bola em quem obviamente ficaria livre: Sasha Vujacic, que imediatamente é colocado na linha de lance livre pela defesa do Boston, que precisava parar o cronômetro o mais rápido possível.

Completamente frio àquela altura da partida, já que há 10 minutos estava sentadinho no banco, Sasha pega a bola, se prepara, arremessa e… cesta. A diferença vai para três pontos. A cesta seguinte seria fundamental para colocar a vantagem em duas posses de bola. Sasha vai e.. cesta! Vitória e título praticamente garantidos.

Fiquei pensando cá com meus botões. Que frieza do Phil, hein? Ele sabia que, com Artest em quadra, a opção do Boston seria deixar o ala livre para depois colocá-lo na linha de lance livre. O treinador pensou rápido.

E quanta personalidade de Sasha… Fez valer cada centavo de seu salário de 5 milhões de dólares.

E em cima disso, fiquei pensando nessa coisa da responsabilidade. De um certo ponto de vista, Phil Jackson teria tirado a responsabilidade de quem tinha mais a perder. Comentei brincando com meu amigo Gustavo Thomé: “Se Fisher erra, se aposenta; se Gasol erra, volta para a Espanha; se Kobe erra, desiste da NBA e vai jogar na Europa; se Artest erra… Com esse cara nunca se sabe.” Aí foi chutar o Sasha Vujacic, exímio arremessador da linha de lance livre, que, sem tanta pressão, poderia se concentrar apenas em acertar os chutes, certo? Mas… e se errasse? Não estariam, de repente, as bolas do campeonato nas mãos de quem realmente nada teria a perder? Alguém poderia dizer que, se ele erra, Kobe agora matava ele mesmo (vide aquela bobagem que fez no jogo 6 em Phoenix) ou ele estaria fora do Lakers.

Mas foi o que comentei com meu camarada: “Gustavo, foi um risco muito grande. O Sasha tinha responsabilidade de menos. O pior que aconteceria com ele, se errasse os dois lances livres e Allen ou Pierce encestasse uma de 3 e levasse o título para Boston, seria… chorar nos braços da namorada Maria Sharapova!”

O sujeito era capaz de ficar arrasado mesmo, inconsolável, sem motivação para nada, de repente até encerrava a carreira…

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NBA ► Em partida dramática, Los Angeles Lakers vira para cima do Boston Celtics e é bicampeão da NBA

Boston Celtics 79 x 83 Los Angeles Lakers
Final
(3 x 4)

Restando 25 segundos para o fim do jogo, o Los Angeles está batendo o Boston Celtics por 79 x 76. Kobe Bryant erra mais um de seus tiros de 3 da noite. Pau Gasol pega mais um rebote e devolve a bola a Kobe. Kobe parte para o garrafão do Celtics e é bloqueado com falta por Rasheed Wallace. Dois lances livres. Naquele breve tempo antes das cobranças, as câmeras captam Kobe Bryant. Ele está completamente exausto, tentando desesperadamente recuperar o fôlego. Acompanho Kobe desde que iniciou a carreira e já lá se vão 13 temporadas. Jamais o vi assim. Foi o melhor retrato da sensacional partida que deu ao Lakers o bicampeonato. A propósito, Kobe converteu os dois cruciais arremessos.

Foi sensacional. E alguém poderá dizer, não sem certa razão: “Mas como assim? Um time acerta só 40% dos chutes, o vencedor só 32%, o placar é dos mais baixos da história das finais e você ainda diz que foi sensacional?” Foi, foi sensacional. Foi uma partida em que cada ponto, cada bloqueio, cada rebote, cada roubada, tudo era comemorado como se fosse a bola do jogo. Até a normalmente mais fria torcida do Lakers transformou o Staples Center em uma versão amarela do Boston Garden. Foi um apartida jogada em um nível de competitividade, de esforço físico e de tensão que não me lembro de ter visto desde aqueles filmes clássicos da sobre as finais dos anos 1980 entre… Lakers e Celtics. Não à toa, foi a maior audiência da NBA desde a final de 1998 entre Chicago Bulls e Utah Jazz, que deu o último título a Michael Jordan. Foi uma grande marca, considerando que hoje há diversos meios de assistir a um evento desses sem ligar a TV, através da internet.

Do jogo, em si, vou tentar ser sucinto. Desconsiderando o jogo 6, como diz o clichê, um ponto fora da curva, a série inteira foi jogada ao estilo Celtics de ser: muito contato, muita defesa, muita entrega, pontos arrancados a fórceps, muito coração mesmo. Para este jogo 7, o ideal californiano seria levar a partida ao seu estilo. Ou seja, mais aberta, com as bolas caindo e os times pontuando alto. Porque nesse cenário o Celtics não teria como acompanhar o Lakers. Para o Celtics, o cenário ideal era o oposto, do modo como a série vinha sendo jogada.

E desde o início, ali na metade do primeiro quarto, quando os times estavam enroscados num modesto 10 x 9 (a favor do Lakers), deu para perceber que o campeonato seria decidido no jeito Celtics de ser.

E no jeito Celtics de ser, o Celtics levava vantagem, num jogo de muitos erros nos arremessos, algo também comum nessas finais. E lá pelos 8 minutos do terceiro período os verdes abriam 13 pontos de vantagem, uma vantagem quase impossível de tirar contra qualquer Celtics numa decisão e em especial quando os pontos são chorados, conquistados um a um com tanto sacrifício.

E ninguém acertava muito em quadra. No Lakers, Kobe e Gasol fracassavam nos chutes, acompanhados por Paul Pierce e Ray Allen do outro lado. A rigor, apenas Kevin Garnett e Derek Fisher tinham bom aproveitamento. Todos compensavam, porém com total empenho na disputa de literalmente todas as bolas.

Mas o Lakers deu um jeito e começou o último quarto apenas quatro pontos atrás, diferença que caiu logo no primeiro ataque desse tempo final. Dominando os rebotes (em toda a série vencia quem pegava mais rebotes) e com total dedicação à defesa, a 7’29” do fim, finalmente o Lakers conseguia alcançar o Celtics, empatando no baixíssimo placar de 61 x 61. A 5’56” os campeões conseguiram passar a frente (com dois lances livres de Kobe (66 x 64) e, apesar de toda a garra, a briga e a determinação do Celtics, segurou com unhas e dentes a vantagem alcançada e venceu por 83 x 79. E conseguiu se segurar porque para cada dose de garra verde, havia a correspondência amarela, para cada gota de suor em uma metade da quadra, quantidade igual era derramada na outra. E por aí foi. Até o fim.

Foi justíssimo o campeonato do Lakers, como também teria sido se o Celtics vencesse. Como foi postado no Bola Presa (link aí ao lado), Kobe, Gasol, Fisher, Andrew Bynum, Lamar Odom, Ron Artest, Garnett, Allen, Pierce, Rajon Rondo, Kendrick Perkins… Todos mereciam o anel. Não dava para imaginá-los como derrotados. Quem ama basquete – e basquete competitivo, jogado com alma – dividiria o título entre as duas maiores franquias da NBA se pudesse. Mas só poderia haver um campeão.

O Boston Celtics mostrou mais uma vez por que é o time mais difícil de ser batido numa série decisiva. Entrou sem alarde nos playoffs, atropelou o Miami Heat de Dwyane Wade e surpreendeu os favoritos Cleveland Cavaliers e Orlando Magic em seis grandes jogos. Contra o Lakers, nunca havia perdido um jogo 7. Desta vez não deu. Pena que talvez este time de Kevin Garnett, Paul Pierce, Ray Allen e Rajon Rondo não deva voltar igual a uma série de playoffs. Garnett, Allen e Pierce já estarão na próxima temporada na casa dos 35. Rondo com certeza voltará e um novo Celtics deve ser construído em torno dele.

Alguns números verdes de ontem:

Kevin Garnett – 17 pontos, 3 rebotes, 2 assistências, 4 tocos. Foi o jogador de melhor aproveitamento, acertando 8/13.
Paul Pierce – 18 pontos, 10 rebotes. Foi um dos que fracassaram chutando (apenas 5/15), mas, como todos, jamais desistiu de lutar.
Rasheed Wallace -11 pontos, 8 rebotes. Substituiu bem, na medida do possível, o contundido pivô Kendrick Perkins, mas não pôde evitar que Gasol e Bryant dominassem os rebotes. O Celtics sentiu na pele a falta de seu homem grande no garrafão, da mesma forma que o Lakers sofria com o joelho de Bynum.
Ray Allen – 13 pontos. Acertou apenas 3/14. Apesar do esforço, principalmente na marcação a Kobe, não foi bem na série contra o Lakers. Seus pontos fizeram falta.
Rajon Rondo – 14 pontos, 8 rebotes, 10 assistências. Ótima partida, especialmente se considerarmos a dificuldade de pontuar e assistir. Sozinho fez quase o mesmo número de assistências que todo o time adversário. Acertou uma incrível bola de três que reduziu para dois pontos a desvantagem no placar a 13 segundos do fim. Fez uma grande pós-temporada e só precisa ajustar seu arremesso de fora.
Glen Davis – 6 pontos, 9 rebotes. O gordinho ala de força reserva foi a única contribuição significativa saída do banco e fez uma bela série. Aliás, jogou com muita garra e contribuiu bastante em todos os playoffs.

O Lakers tornou-se o campeão a vencer o jogo decisivo com menor aproveitamento nos arremessos, apenas 32,5%. E como venceu? Defendendo, marcando, roubando bola, pegando rebotes. Muitos rebotes, que proporcionaram uma série de segundas bolas e de lances livres que o mantiveram na partida. Foi o Lakers mais Celtics, creio, jamais visto na NBA. E vencer o Celtics assim, no estilo de jogo tradicionalmente dominado pelo rival, não deve ter preço para o torcedor do Los Angeles.

Alguns Lakers na partida final:

Ron Artest – 20 pontos, 5 rebotes, 5 bolas roubadas. O homem que um dia se ofereceu a Kobe para ajudá-lo a ser campeão mostrou a que veio. A bola de 3 que acertou faltando um minuto foi qualquer coisa – com direito a beijinhos para a torcida e tudo. A entrevista de pós-jogo dele foi simplesmente surreal.
Pau Gasol – 19 pontos, 18 rebotes, 4 assistências. Fez a partida de sua vida. Mas só acertando 6/16? É. Jogando fora de sua zona de conforto, Gasol finalmente calou de vez as críticas sobre sua atuação nas finais de 2008. Contra o mesmo Celtics, teve uma atuação puramente física, dominou o garrafão (aproveitando bem a ausência de Perkins) e pegou aquele decisivo rebote que resultou nos lances livres de Kobe que mencionei lá em cima.
Andrew Bynum – 2 pontos, 6 rebotes. Outro herói escondido pelos números. A dedicação do pivô, com um joelho que, segundo os médicos, só permitiria, no máximo, 10 minutos diretos em quadra, com certeza contagiou os companheiros.
Kobe Bryant – 23 pontos, 15 rebotes, 2 assistências. Os números foram bons, mas Kobe foi muito mal nos arremessos, acertando apenas 6/24. Como disse depois do jogo, sentia-se exausto e estava com tanta vontade que várias vezes perdeu o foco da partida, errando justamente em uma de suas maiores qualidades, especialmente em momentos cruciais: o timing, apressando jogadas, infiltrando fora do tempo e chutando mal. E, ainda em suas palavras, quanto mais tentava, mais errava. Para compensar, dedicou-se como um leão na defesa e bateu seu recorde de rebotes em partidas de playoffs. E foi justamente eleito MVP das finais, porque depois de todo o sacrifício numa temporada que jogou sem costas, joelho e sem dois dedos (às vezes com – ou sem – tudo ao mesmo tempo), era hora de receber a ajuda de seus companheiros.
Derek Fisher – 10 pontos, 2 assistências. O cara certo das horas incertas fez ótimo trabalho na marcação e acertou aquele bola de 3 que deu o empate ao Lakers na metade do último período. Foi mais um anel que o veterano armador conquistou com seu companheiro desde o início da NBA, Kobe Bryant.
Lamar Odom – 7 pontos, 7 rebotes. Se não apareceu em números, sua atuação foi importantíssima no verdadeiro fio desencapado que foi a briga dentro do garrafão, assim como em toda a campanha do bicampeonato.
Sasha Vujacic – 2 pontos, 1 rebotes. Dois lances livres convertidos faltando 13 segundos para zerar o cronômetro que fizeram valer cada centavo do seu contrato de 5 milhões de dólares.

Enfim, o que importa para quem é fã de basquete, como o blogueiro aqui, é que, parafraseando (adoro esse verbo) Nelson Rodrigues, Lakers e Celtics protagonizaram uma daquelas séries decididas em um jogo 7 que daqui a 200 anos o país e toda a cidade dirá mordida de nostalgia: “Ah, aquele Celtics x Lakers…”

Kobe

Kobe merece um parágrafo à parte – ou dois. No blog do Lakers no site da ESPN, assinado por Brian Kamenetzky, há uma interessante consideração que tem a ver com aquela imagem que me impressionou de Kobe antes de acertar aqueles importantes lances livres. Segundo o autor, pela primeira vez em toda a carreira, a atuação de Kobe revelou seu lado humano. Nesse jogo 7, um mortal vestia a camisa 24 do Lakers, sendo visível sua exaustão e seu esforço para superar uma noite ruim. Não era aquele ser frio e preciso que põe a bola embaixo do braço e decide jogos batendo o cronômetro com a mesma tranquilidade com que eu faria uma bandeja brincando sozinho numa quadra. Na noite de seu quinto anel, Kobe teria sido apenas mais um jogador, guerreiro, lutando para colaborar de alguma forma com seu time. E o fez defendendo. De acordo com Kamenetzky, Kobe foi humano como nunca e essa humanidade poderia aproximar as pessoas do astro como nunca antes.

Outro assunto que dominou o dia seguinte é o posto de Kobe no hall dos maiores Lakers de todos os tempos. Para muitos, o posto número 1 já e dele. Com o aval de Magic Johnson. Em seu artigo, também no site da NBA, Chris Broussard faz interessantes considerações a respeito. Basicamente, ele diz que Kobe tem alguns méritos superiores ao de Magic, de quem o jornalista se diz fã de carteirinha. Um deles, de que Kobe jamais teve o elenco que Magic tinha ao seu lado. Outro, de ser um formidável defensor, o que faria dele um jogador mais completo que Magic Johnson, mesmo este sendo provavelmente o único na história da NBA a jogar em qualquer posição em alto nível. Mencionando Michael Jordan, ele acha que MJ vem ainda na frente de todos, mas que Kobe também levaria vantagem em dois aspectos: não teve ao lado um Hall da Fama como Scottie Pippen e o Celtics que derrotou nestas finais é melhor que qualquer adversário superado por Jordan e o Bulls em seus seis títulos.

Fechando, o minimovie do jogo 7 produzido pela NBA:

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NBA ► Decisão emocionante dá bicampeonato ao Los Angeles Lakers

Numa partida dramática, o Los Angeles Lakers derrotou o Boston Celtics por 83 x 79 no decisivo jogo 7 e sagrou-se bicampeão da NBA. Breve escreverei mais sobre mais essa final entre a maior rivalidade do esporte norte-americano e que agora já é História.

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