DE ALGUM LUGAR DO PASSADO ► “Luísa, Quase um História de Amor” – Um exercício de resenha crítica do ótimo livro de Maria Adelaide Amaral

Segundo semestre de 1987

“Luísa (Quase uma História de Amor)” é o primeiro livro de Maria Adelaide Amaral. Egressa do jornalismo, onde trabalhou muitos anos, e do teatro, onde obteve muitos prêmios como autora, tendo escrito os diálogos das peças “Bodas de Papel” e “De Braços Abertos” (inspirada neste livro), traz marcadas influências de ambos os meios: do jornalismo, a objetividade; do teatro, o dinamismo da narrativa.

Luísa, a personagem principal, é figura centralizada das atenções de cinco pessoas de seu convívio, sendo retratada em diferentes perfis por cada uma delas, tendo todas (exceto Mário, engenheiro) trabalhado juntos em uma redação de revista.

Em cada personagem, uma visão diferente: para Raul, o amigo homossexual e viciado em drogas, uma artista excêntrica; para Rogério, o apaixonado fetichista, uma deusa inatingível; para Sérgio, o ex-amante, uma possibilidade de amor; para Marga, a amiga militante e solidária, uma mulher frágil, alienada e um tanto cruel; e finalmente, para Mário, o ex-marido, “apenas uma senhora de meia-idade com vincos profundos na testa e nos cantos da boca, dentes amarelados pela nicotina, vestida com uma extravagância pouco comum à sua idade”. Continuar lendo DE ALGUM LUGAR DO PASSADO ► “Luísa, Quase um História de Amor” – Um exercício de resenha crítica do ótimo livro de Maria Adelaide Amaral

DE ALGUM LUGAR DO PASSADO ► Os primeiros passos do nosso “super-homem”

Primeiro semestre de 1990

(O autor adverte: contém sarcasmo.)
Um país à beira do caos: altas taxas de desemprego e subemprego; serviços públicos deteriorados e desacreditados; empresas estatais burocratizadas e ineficientes; preços disparados; salários defasados; especulação gerando capital; inflação mensal de 70% com projeção anual superior a 700% e uma astronômica dívida externa. Apenas algumas características do Brasil que o galã Fernando Collor de Mello herdou do desastrado José Sarney no histórico 15 de março de 1990. É o primeiro presidente eleito pelo povo em 29 anos.

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DE ALGUM LUGAR DO PASSADO ► Pelas mãos de Mestre Paulão, bate forte o coração da União

Jornal da União da Ilha, 1996

A bateria da União da Ilha do Governador é ´uma espécie de show à parte dentro do grande espetáculo que é o desfile das escolas de samba na Avenida Marquês de Sapucaí. Suas paradinhas e novidades a cada carnaval integram-se perfeitamente ao estilo alegre, empolgante e contagiante da escola tricolor, sem qualquer dúvida a de maior comunicação com o público na passarela. As paradas tornaram-se tradicionais e são aguardadas com expectativa a cada ano. Comandando o espetáculo, um dos mais conceituados diretores de bateria da cidade, quase uma vida inteira dedicada à União: Mestre Paulão.

Mestre Paulão nasceu Paulo Cesar Teixeira e está na escola desde sua fundação, quando era apenas um menino de 8 anos de idade. “Já fiz quase de tudo dentro da escola. Quando ela ainda era do 2º grupo e estava crescendo, ocupei diversos cargos na diretoria. Fui secretário, diretor de patrimônio e até presidente”, conta Paulão, para quem é preciso ter o ritmo correndo nas veias para conseguir tocar numa bateria. Continuar lendo DE ALGUM LUGAR DO PASSADO ► Pelas mãos de Mestre Paulão, bate forte o coração da União

DE ALGUM LUGAR DO PASSADO ► Rio-92: doze dias que poderiam ter salvado o planeta

Junho de 1992

Dia 3 de junho de 1992 – É aberta a maior reunião internacional da História: a Conferência Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio-92. Os números: 178 países 114 chefes de estado, 10 mil delegados oficiais, 1.400 ONGs credenciadas e 7 mil jornalistas. Metas principais: assinaturas da Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, da Declaração de Princípios sobre Florestas, da Convenção sobre Diversidade Biológica, da Convenção Geral sobre Alterações Climáticas e da Agenda 21, documento genérico sobre meio ambiente e desenvolvimento organizado em 40 capítulos. Na plenária inaugural, o secretário-geral da ONU, Boutros Ghali, alerta: “A Terra está doente de subdesenvolvimento e de desenvolvimento excessivo.” Continuar lendo DE ALGUM LUGAR DO PASSADO ► Rio-92: doze dias que poderiam ter salvado o planeta

DE ALGUM LUGAR DO PASSADO ► Surfistas ferroviários

Primeiro semestre de 1992

Eles são chamados de surfistas ferroviários porque, em vez das ondas, escolhem os tetos dos trens suburbanos do Rio de Janeiro como palco de suas manobras arriscadas e muitas vezes mortais. Esse impressionante “esporte”, cada vez mais popular entre jovens da periferia, provoca em média 50 mortes por ano, mortes essas que não são suficientes para intimidar seus intrépidos praticantes e torná-los sensíveis às diversas campanhas de prevenção promovidas pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU).

Segundo estudos realizados pela CBTU, os surfistas ferroviários começaram a aparecer há seis anos, dando origem a um grupo cada vez maior de pessoas que não temem o perigo de receber uma descarga elétrica de até dez mil volts. Elas têm idade entre 11 e 30 anos, são do sexo masculino (as mulheres ainda não foram iniciadas nesse “esporte”) e moram na região da Baixada Fluminense ou nos bairros dos subúrbios da cidade. Consideram-se “heróis urbanos” e alegam viajar em cima dos trens para fugir da superlotação dos vagões. Continuar lendo DE ALGUM LUGAR DO PASSADO ► Surfistas ferroviários