DE ALGUM LUGAR DO PASSADO ► Surfistas ferroviários

Primeiro semestre de 1992

Eles são chamados de surfistas ferroviários porque, em vez das ondas, escolhem os tetos dos trens suburbanos do Rio de Janeiro como palco de suas manobras arriscadas e muitas vezes mortais. Esse impressionante “esporte”, cada vez mais popular entre jovens da periferia, provoca em média 50 mortes por ano, mortes essas que não são suficientes para intimidar seus intrépidos praticantes e torná-los sensíveis às diversas campanhas de prevenção promovidas pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU).

Segundo estudos realizados pela CBTU, os surfistas ferroviários começaram a aparecer há seis anos, dando origem a um grupo cada vez maior de pessoas que não temem o perigo de receber uma descarga elétrica de até dez mil volts. Elas têm idade entre 11 e 30 anos, são do sexo masculino (as mulheres ainda não foram iniciadas nesse “esporte”) e moram na região da Baixada Fluminense ou nos bairros dos subúrbios da cidade. Consideram-se “heróis urbanos” e alegam viajar em cima dos trens para fugir da superlotação dos vagões. Continuar lendo DE ALGUM LUGAR DO PASSADO ► Surfistas ferroviários

RIO DE JANEIRO ► Sistema Alerta Rio alerta tarde demais

Nesta segunda-feira caiu o mundo sobre o Rio de Janeiro, falando especificamente da capital, onde resido. Muita água nada imprevista após um calor infernal nos últimos dias.

Água que começou a cair à tarde e que despencou com fúria à noite, pegando milhares e milhares de cariocas na rua em pleno rush da volta do trabalho, somando-os à massa que inevitavelmente correria riscos por morar em regiões sensíveis a chuvas assim.

Às 18h53min, o sistema Alerta Rio da prefeitura anunciou que a cidade estava em Estágio de Atenção, o segundo em nível de gravidade. Mais tarde, às 20h55min, informou, como também o fez o Centro de Operações, mudança para o Estágio de Crise, terceiro e mais elevado nível de risco.

Gosto muito do sistema, tenho o aplicativo e tal, mas algo nos protocolos precisa ser revisto.

A emissão do informe de entrada da cidade em Estágio de Atenção chegou já com o temporal sobre a cabeça da população. O que não faz sentido. Continuar lendo RIO DE JANEIRO ► Sistema Alerta Rio alerta tarde demais

RIO DE JANEIRO: Ah, mas se Rayanne fosse branquinha, lourinha, patricinha, de olhos claros e riquinha da Zona Sul carioca…

Comissão Alerj vai cobrar resposta da polícia sobre sumiço de ...Até o Papa seria chamado a intervir.

O Fantástico já teria passado os últimos domingos em pânico e o lixo chamado Veja já teria feito nova capa derramando sangue.

Mas Rayanne Christini era negra, pobre e morava na Baixada Fluminense. Tinha 22 anos e estava grávida de sete meses. Então seu sequestro em plena Central do Brasil não mereceu destaque na capa dos portais de notícias dos maiores grupos de comunicação do país – aqueles mesmos que comandam mais um golpe de estado no Brasil.

Não mereceu destaque porque Rayanne não era branquinha, lourinha, patricinha, de olhos claros nem foi sequestrada em Ipanema.

Foram mortos ela e seu bebê.

Com requintes de crueldade.

A notícia que você não viu na capa do Globo.com nem no UOL pode ser acompanhada pelo link a seguir do portal do jornal O Dia, que denunciou o caso desde seu início e solicitou informações ao pé de cada texto publicado:

Grávida desaparecida na Central do Brasil é encontrada morta

Não é a primeira vez que isso acontece. Nem a segunda. Nem a trigésima-quarta. Ou a centésima. Isso é padrão do “grande” jornalismo patronal brasileiro. A História registra isso. Basta pesquisar. A violência no Rio de Janeiro só começou a chocar a chamada grande mídia quando bateu às portas de quem tem grana, de quem tem “nome”. Continue lendo…

RIO DE JANEIRO ► Os buracos da Cedae no Moneró

cedae
E segue a Cedae esburacando as ruas do bairro Moneró, na Ilha do Governador. Já exemplifiquei isso em dois posts, basta clicar aqui e aqui para ler. Impressionante como há meses eles estão acabando com a paz, com a limpeza e com as ruas e calçadas de nosso bairro. E seguem mais fotos ilustrando e eternizando um primoroso trabalho de esculhambamento urbano. Continuar lendo…

RIO DE JANEIRO: Ah, se todos fossem iguais a você…

lamsa

Não costumo passar pela Linha Amarela com a frequência que se poderia imaginar com que passaria um morador da Ilha do Governador que trabalha na Barra da Tijuca. Acho o pedágio cobrado pela Lamsa caro, a despeito da boa qualidade da pista, qualidade especialmente comprovada em dias de chuva forte, muito forte.

Também acho o trânsito violento, a Barra pelas bandas onde deságua a Linha mal-iluminada, mal-sinalizada… Enfim, prefiro ir pela Zona Sul, pegando o Rebouças, Lagoa, Auto-Estrada Lagoa-Barra, Joá… E ainda saio mais próximo do trabalho, que fica no início da Avenida das Américas.

Mas eventualmente vou pela via expressa mesmo. E uma coisa que sempre reparo é a boa postura, a atitude positiva do pessoal que trabalha nas cabines de pedágio. Jamais vi cara feia ou má vontade. Sempre, ao menos, um “boa tarde”, boa noite”, “bom dia”, cumprimentos cada vez mais raros na sociedade de hoje.

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